Quando, na semana passada, referi que não seria uma desgraça
perder no estádio do Dragão, fi-lo por diversas razões.
Antes de mais, por reconhecer a dificuldade histórica sentida
nas deslocações ao campo do FCP. Os mais desatentos poderão pensar que as
estatísticas estão inquinadas pelo que aconteceu no futebol português a partir
dos anos 80 (e estão!). No entanto, convém recordar que, por exemplo, nos anos
60 em que conquistámos seis Campeonatos Nacionais, fomos bicampeões europeus e disputámos
mais três finais da TCE em oito temporadas, lográmos apenas uma vitória e três
empates nos oito jogos disputados nas Antas. Por outro lado, quatro pontos de
atraso à quinta jornada, embora longe do desejável, em nada hipoteca a nossa
candidatura ao título.
E reconheci, também, apesar da mudança de rumo estratégico
(menor investimento e aposta consistente na formação), que a equipa já mostrara
sinais, individual e colectivamente, de ser competitiva.
Sei que os resultadistas me contrariarão, mas a forma como o
clássico se desenrolou não me fez mudar de opinião. Apresentámo-nos
personalizados, fomos superiores na primeira parte, defendemos bem e perdemos
porque, afinal, se trata de futebol, um desporto em que, nos confrontos entre
equipas equilibradas, a vitória sorri a quem é mais feliz e/ou competente nos
detalhes. No caso, três: A bola que não entrou nas oportunidades que dispusemos
na primeira parte; Um erro nosso a meio-campo a resultar numa transição rápida
superiormente finalizada a poucos minutos de terminar o encontro; E a
benevolência do árbitro num lance em que o lateral direito portista mereceu ser
expulso por acumulação de amarelos no início da segunda parte.
Jornal O Benfica - 25/9/2015