Sempre defendi que não se deve apostar na formação por
decreto, muito menos por necessidade, no sentido em que as dificuldades
financeiras se constituam enquanto força motriz que a impulsiona. No entanto,
são várias as suas vantagens e, agora que temos um treinador que encontra nela
oportunidades ao invés de eventuais ameaças, estas tornam-se evidentes.
Na vertente financeira, pela diminuição da massa salarial,
redução dos custos de aquisição de atletas, incluindo amortizações, e incremento
das mais-valias, devido aos baixos valores líquidos contabilísticos dos passes,
nas vendas. Consequentemente, também na vertente económica: O decréscimo dos
custos operacionais e a desaceleração das necessidades de tesouraria permitem
canalizar os meios disponíveis para outros tipos de investimento, o que
potencia a melhoria de qualidade do trabalho desenvolvido no clube. Há ainda
uma questão de “marketing”: A aposta na formação eleva a capacidade de
recrutamento de novos talentos, uma vez que estes percebem que terão mais
oportunidades para singrarem a nível profissional. Ademais, há a questão
identitária, em que se pressupõe, com elevado grau de acerto, que os atletas
formados no clube o sentem e têm bem assimilados os valores clubísticos. E a
emocional, esta reservada aos adeptos, que acompanham a evolução dos atletas
desde cedo e sentem, por isso, maior proximidade com quem os representa no
relvado.
Mas ganhar é fundamental. Como tal, Luisão, Jonas, Júlio
César, Jardel e outros jogadores experientes e indiscutivelmente competentes
são imprescindíveis pois garantem qualidade imediata e sustentam o crescimento
dos jovens valores. O Benfica está no caminho certo!
Jornal O Benfica - 4/11/2016