Já há muitos anos que aprendi que o que Pinto da Costa diz
publicamente não deve ser levado a sério. Fala de acordo com as circunstâncias
e com os seus interesses, o que é normal, mas, no seu caso, simultaneamente
revelador de uma forma de estar na competição desportiva em que não me revejo.
Acho mais relevante o que diz em privado por telefone.
A existência do VAR, como a de qualquer tecnologia que
auxilie os árbitros na difícil tarefa de arbitrar um jogo de futebol, é em si
mesma positiva. Porém, para Pinto da Costa, a julgar pelas suas declarações
após o clássico da penúltima jornada, o VAR deveria beneficiar o FC Porto e
prejudicar os seus adversários. Só assim se entende que o VAR não tenha sido
criticado após o FC Porto – Belenenses. Ou mesmo esta semana, devido ao
primeiro golo portista em Setúbal. Nestes casos, e de um ponto de vista
portista, o VAR não serve mesmo para nada: Os árbitros, no campo, actuaram em
conformidade.
Aparentemente, o VAR, para Pinto da Costa, não serve, mas só
de vez em quando, à semelhança dos telemóveis, se as suas chamadas forem
gravadas por terceiros e publicadas no youtube tornando públicos os métodos da
afamada estrutura portista. Assim como as agências de viagens, se for
descoberto que facturas emitidas a árbitros apareçam na contabilidade portista.
Ou ainda os juízes, evidentemente imprestáveis a não ser para avisarem que se
planeiam detenções ou para se decidirem pela inadmissibilidade de provas sobre
práticas de corrupção.
Mas atenção, se Pinto da Costa quer o fim do VAR, acabe-se
com ele imediatamente. Basta comparar o conteúdo das escutas reveladas no
youtube com décadas das suas queixas sobre a arbitragem para se perceber a
razão...
Jornal O Benfica - 15/12/2017