Não vi falta de empenho ou sequer de qualidade. Penso, no
entanto, que a abordagem ao jogo frente ao Vitória de Setúbal foi errada por me
parecer demasiado cautelosa (além de Pizzi, cuja capacidade futebolística é, do
meu ponto de vista, indiscutível, estar talhado para outras funções que não
aquela que tentou, sem sucesso, desempenhar na última jornada). Diz-se, na
gíria, que demos uma hora de avanço. A falta de sorte e a permissividade do
árbitro quanto ao antijogo do nosso adversário completou o ramalhete.
É fácil encontrar soluções para problemas que já ocorreram
enquanto, sentado na secretária em frente ao computador ou mesmo na bancada,
constato as consequências das decisões tomadas por quem, em tempo útil, as teve
de tomar. Ademais, por ter a oportunidade de conviver, desde muito novo, com vários
treinadores de basquetebol do Benfica, sei que são inúmeras as variáveis que
contribuem para a tomada de decisão, sem que a maior parte delas seja, até por necessidade,
do conhecimento público.
Por isso, mas também, e principalmente, pelo percurso que
Rui Vitória tem feito ao comando da nossa equipa de futebol, sou incapaz de
encontrar na sua pessoa o único culpado deste empate. Até porque, se nenhuma
outra razão existisse, o nosso treinador é sempre o primeiro a partilhar os
louros do sucesso, pelo que seria injusto torná-lo no epicentro dos insucessos
ocasionais.
Rui Vitória, a quem reitero todos os elogios que lhe tenho
feito desde que chegou ao Benfica, merece, portanto, uma palavra de apoio e a
evocação de que, contrariamente ao que alguns pessimistas militantes logo se
prestaram a agoirar, confio que saberá, como na temporada passada, trilhar o
seu caminho.
Jornal O Benfica - 26/8/2016