As arbitragens na última jornada foram vergonhas. Os erros
gritantes cometidos no Dragão e Alvalade são incompreensíveis e passíveis da
suspeita de derivarem do ambiente de intimidação, condicionamento e coacção
sentido nos últimos tempos.
Observámos ainda, pela primeira vez, uma brecha na solidariedade
dragarta emanada da comunhão do objectivo de interrupção a qualquer custo da
hegemonia benfiquista. O tom foi diferente, pois são também diferentes as
motivações. Enquanto do lado leonino assistimos a uma despudorada colagem do
Benfica aos benefícios portistas, do outro o ataque foi unicamente dirigido ao
favorecimento do Sporting.
Creio não estar enganado ao pensar que tanto F.C. Porto como
Sporting estão falidos moral e economicamente. A SAD portista, intervencionada
pela UEFA, falida tecnicamente e provavelmente a contas com uma situação de
tesouraria asfixiante, nunca se conseguirá livrar do espartilho por si criado:
o crescimento social e desportivo alicerçado no confronto e nas relações de
poder. Em resumo, a lógica bairrista consolidou a sua base de apoio, mas impede
o crescimento. As exigências financeiras aumentaram, porém não se verificou o
necessário acompanhamento da subida das receitas. Sobram as relações de poder...
O caso sportinguista é mais simples: O Novo Banco e o BES,
via restruturação financeira (nomeadamente as VMOC), estão agora para o
sporting como o avô do José Alvalade esteve para o neto quando quis fundar um
clube no Campo Grande. Disse o Alvalade: “Queremos que o Sporting seja um
grande clube, tão grande como os maiores da Europa”. O problema é nunca ter
conseguido ser tão grande como o Benfica, condicionando a sua postura e
comportamento.
Jornal O Benfica - 10/11/2017