Uma das qualidades que mais aprecio em Rui Vitória é a
coerência do seu discurso que, estou convicto, encontra paralelo na sua
actuação. Recordo-me das críticas de que foi alvo relativamente à mensagem que
tentou passar semanalmente nos seus primeiros meses no comando da nossa equipa
de honra de futebol. “Vamos continuar no nosso caminho” e “se fosse fácil não
era para estes jogadores nem para esta equipa técnica” são somente dois
exemplos entre os muitos que poderia citar.
Nestes, como em tantos outros, predomina visão estratégica,
determinação, convicção e, sobretudo, sentido colectivo. Em suma, liderança.
Demonstrou estas qualidades no início do seu caminho, ao longo de curvas e
contracurvas, na difícil recta da meta e, não surpreendentemente, quando foi
consagrado. Então, o seu foco, como sempre, estava já nos desafios seguintes,
não sem antes, mas quase de passagem, partilhar os louros do sucesso com todos
os que contribuíram para ele, ao invés de tentar individualizá-lo.
Hoje, realizadas cinco jornadas do Campeonato Nacional, o
Benfica é o líder isolado da classificação. “Não há campeões à 5ª jornada” e “é
claro que estamos contentes, mas o planeamento para o treino de amanhã
mantém-se” são as mensagens fortes de Rui Vitória. Mais uma vez, a primeira
pessoa do plural, a humildade e a percepção de que existe vida para além do
imediato e de si próprio, caracterizam a sua mensagem. Com isso ganha Rui
Vitória, todos os que o acompanham e, indiscutivelmente, ganhará o Benfica.
Seremos campeões no final desta temporada? Ninguém sabe, mas
é legítimo acreditar nesse desígnio. Porque o Benfica, ao ser Benfica – “De
todos, um” – será sempre mais forte.
Jornal O Benfica - 23/9/2016