Lembro-me de ter dez ou onze anos e folhear o livro
“Benfica, 85 anos de história”, escrito por Carlos Perdigão, António Manuel
Morais e José de Oliveira. Nos anos seguintes li e reli a obra, o que me
despertou a curiosidade por querer saber mais sobre a história do nosso clube. Sendo
filho de um benfiquista cujo gosto por partilhar os seus vastos conhecimentos
sobre o glorioso é inexcedível, calculo que a posse daquele livro e a vontade
de agradar ao meu pai tenha sido a simbiose perfeita para querer aprofundar a
minha cultura benfiquista desde tenra idade.
Em 1994, por altura do 90º aniversário do Sport Lisboa e
Benfica, os autores citados e João Loureiro dedicaram o seu tempo e sabedoria à
publicação do extraordinário “Benfica, 90 anos de glória”, um livro de grande
formato, com mais de trezentas páginas, que perscrutei avidamente. Desde então li
integralmente inúmeros livros sobre o Benfica, incluindo a obra inspiradora e monumental
de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva, de 1954, sobre a história do SLB nos
seus então 50 anos de vida, ou o “100 anos de lenda”, de Carlos Perdigão, só
para citar os melhores.
Em nenhum deles consta o tetracampeonato. Nem mesmo em
nenhum dos cinco livrinhos que tive o
prazer de escrever, nem mesmo de outro de que fui organizador, apesar do último
ter sido escrito e publicado em 2016. Em nenhum! E esse tetra e os seus
protagonistas figurarão certamente em todo e qualquer livro ainda por escrever
sobre a história do Benfica. A contestação aos obreiros do tetra passados
escassos meses dessa conquista, por infundada que possa ser, é legítima. Já os
insultos nem sequer merecerão uma triste nota de rodapé.
Jornal O Benfica - 6/10/2017