Estamos a sete pontos, no máximo, de conseguirmos o tão
almejado tetra. Em criança, fazia-me confusão nunca o termos alcançado. Além da
nossa clara superioridade em relação aos adversários, perturbavam-me as cinco
oportunidades perdidas, quatro delas consecutivas, nas décadas de 60 e 70, em
anos de Campeonato do Mundo (1966; 1970; 1974; 1978).
A partir de meados da década de 90, a possibilidade de
sermos campeões já era fantasia suficiente, de tão dourados que eram os apitos
e de tão reduzida que era, a vários níveis, a nossa capacidade para lutar
contra um F.C. Porto forte no campo e ainda mais fora dele.
Estamos, por conseguinte, num período notável da nossa
história. Conhecer e entender as últimas três décadas do futebol português e o
período atribulado que vivemos no final dos anos 90, permite-nos chegar a essa
conclusão. A recuperação do clube empreendida a partir do início do milénio foi
demorada, mas absolutamente notável. Hoje, ao contrário de no passado,
compreendo perfeitamente o alcance da famosa declaração do presidente Luís
Filipe Vieira nos festejos do nosso título em 2005, ao afirmar que, então, não
estávamos ainda preparados para ganhar. Agora, não só estamos muito bem
preparados para fazê-lo, como o estamos também para lidarmos com uma eventual
derrota. O saudoso Artur Semedo bem poderia reafirmar convictamente que “o
Benfica nunca perde, às vezes não ganha”. Mais que uma frase feita, trata-se de
uma constatação acertada.
E o mesmo se aplica às restantes modalidades, a começar pelo
voleibol já neste fim-de-semana. Somente uma vitória nos separa do regresso ao topo
na modalidade e acredito que será conseguida. Merecemo-la!
Jornal O Benfica - 5/5/2017