Já por diversas vezes defendi que a aposta na formação não
deverá ser um fim em si mesma, mas antes utilizada enquanto instrumento no firmamento
de um Benfica vencedor e sustentável económica e financeiramente. Se é, do meu
ponto de vista, indiscutível que os jogadores oriundos da nossa formação não
deverão gozar de oportunidades por decreto, não menos o é que, em caso de
igualdade com outros atletas, deverão ser privilegiados na entrada no plantel
da equipa principal.
Na actual conjuntura do futebol, a qual, estou certo,
perdurará, a independência face aos “tubarões” europeus só poderá ser obtida
recorrendo à formação e, em paralelo, à prospecção de atletas de países cujo
futebol é ainda mais débil que o nosso em termos económicos. Nas posições em
que não for possível encontrar um atleta que garanta qualidade entre os
habituais convocados, deverá recorrer-se a jogadores mais experientes e, em
princípio, mais caros. Em suma, é o modelo actual do Benfica e com o qual estou
inteiramente de acordo.
Mantendo-o, conseguiremos paulatinamente obter a
independência referida acima (menores custos de amortização e maiores
mais-valias na alienação de passes) e, consequentemente, incrementar a
capacidade de retenção de jogadores devido à maior margem de decisão quanto ao timing das vendas. Não creio que alguma
vez consigamos estar ao nível do Barcelona, mas entre o nosso estado actual e o
dos catalães, há uma diferença considerável que poderemos esbater.
Conseguindo-o, manteremos intacta a competitividade nacional (o que não
significa que ganharemos sempre, nem tal alguma vez aconteceu) e aumentaremos
as nossas possibilidades de um brilharete na Liga dos Campeões.
Jornal O Benfica - 17/2/2017