Do jogo parece sobrar a “estrelinha”. Qual estrelinha? A que
nos fez tricampeões? A que nos mantém invencíveis há 21 deslocações
consecutivas no campeonato? A que nos deu o melhor ataque, a melhor defesa e
cinco pontos de avanço à entrada para o clássico? A que lesionou Jonas, Jardel
e Rafa e afastou ainda Fejsa e Grimaldo a escassos dias do jogo? Ou a que
obrigou Rui Vitória a substituir Luisão ao quarto de hora da partida? É preciso
ter lata!
Estrelinha foi termos Lisandro, teoricamente o quarto na
hierarquia dos centrais, a entrar a frio e a fazer uma bela exibição coroada
com o tento do empate. Estrelinha foi termos, em Rui Vitória, a capacidade
para, mesmo com tantos lesionados, mexer na equipa e mudar o rumo da partida.
Estrelinha foi termos benfiquistas na bancada que nunca deixaram de apoiar os
nossos jogadores… Já para não referir a estrelinha que foi a actuação de Nuno
Espírito Santo no banco, apesar dos rabiscos que ilustram o “jogador à Porto”,
qual pintura rupestre. Sem apitos dourados, cafés com leite e quinhentinhos,
resta-lhes o anti benfiquismo primário e não há desenhos abstractos que lhes
valham.
Mas não julgue o leitor que sou injusto nas minhas
apreciações artísticas, pois houve jogadores que assimilaram bem o conceito de
“jogador à Porto” transmitido pelo seu treinador. Refiro-me concretamente a
Otávio, o sabujo que cuspiu no Ederson, e a Felipe, o central especialista em
auto-golos, que num momento de êxtase após abalroar André Horta com a
complacência de Artur Soares Dias, puxou pelo público portista como se tivesse
acabado de marcar um golo. Aquela impetuosidade toda deve ter sido do vermelho
da camisola do André…
Jornal O Benfica - 11/11/2016