O Benfica até poderá não ser o clube mais poderoso do mundo
– só um demente, em evidente estado delirante e sob o efeito de psicotrópicos,
poderia afirmá-lo – mas é, indubitavelmente, o maior e melhor clube português.
Assim o dizem todos os estudos de mercado sobre adeptos de futebol aquém e
além-fronteiras, o número de sócios, as receitas de quotização, patrocínios,
bilheteira e merchandising e o palmarés conquistado no conjunto das
modalidades, nomeadamente o do futebol, mas não só. Só não é um axioma porque o
futuro é incerto e talvez daqui a uns mil anos seja outra a realidade, embora
me pareça bastante improvável.
Todos os portugueses atentos ao desporto o sabem. Só por
fanatismo ou por um mecanismo psicológico de auto-defesa alguém poderá
convencer-se do contrário. E, como tal, todos os que representam o Benfica
sabem que, para os benfiquistas, as vitórias do clube são uma mera consequência
da sua grandeza. A competência e o empenho até poderão ser exaltados quando se
justifica, sendo, no entanto, considerados o mínimo exigível a quem tem a honra
de envergar a camisola do glorioso. Trocando por miúdos, triunfar é normal,
perder é desonroso.
Tudo isto é pernicioso. Os nossos adversários invejam-nos,
detractam-nos e cobiçam o tanto que conquistámos e conquistaremos. Parecem
estar dispostos a tudo, sem olharem a meios, logo têm que ser denunciados e
combatidos. Ignorá-los até poderá parecer salutar, mas fortalece-os. Não lhes
poderemos dar descanso. Como, por exemplo, em meados dos anos 60, quando
Paulino Gomes Júnior, então director do jornal, não poupou um presidente
leonino durante semanas a fio por nos ter acusado, no Brasil, de sermos um
clube xenófobo.
Jornal O Benfica - 13/10/2017