Na semana que antecedeu o dérbi disputado em Alvalade na
temporada passada, escrevi, nesta coluna, que o Sporting até poderia ganhar o
campeonato, mas que nunca seria um clube campeão.
Tal se deveu a duas constatações, com a primeira a justificar,
em parte, a segunda: A estrutural, no sentido em que o Sporting, na relação com
o Benfica, perde sempre na comparação e anula-se de tanto se focar no rival; E
a conjuntural, pois foi por demais evidente que as suas constantes atoardas e
insinuações acerca do Benfica visaram a obtenção de triunfos no campeonato da
comunicação, esquecendo-se eles, ou mesmo ignorando-o por quase total
inexperiência nas últimas quatro décadas, que os títulos se conquistam nos
relvados.
Na presente época, só um cataclismo permitiria o Sporting
vencer o campeonato, o que poderá fazer parecer paradoxal a minha convicção de
que o dérbi de amanhã será, eventualmente, mais complicado que o último. Sem a
pressão do cumprimento de um auto-preconizado destino delirante – ser o melhor
clube português – o Sporting talvez seja mais perigoso para os nossos intentos.
Porém, a nosso favor está a transformação do dérbi na tábua de salvação leonina
de mais uma época normal. Relegado para ajudante do Porto no objectivo
partilhado de destronamento do Benfica, imagino-os agrilhoados pela excitação
da possibilidade do insucesso benfiquista. Quanto mais precisarem de nos
ganhar, mais possibilidades teremos de sairmos vitoriosos!
E nem será nada de extraordinário… Em 82 confrontos em
Alvalade, já lá ganhámos 31 vezes. A qualidade da nossa equipa e apenas uma
derrota sofrida nas últimas sete temporadas justificam o meu optimismo. Vamos a
eles!
Jornal O Benfica - 21/4/2017