É opinião generalizada (e acertada, do meu ponto de vista)
de que houve um Benfica pré e outro, para muito melhor, pós Krovinonic. Mas se
me parece indiscutível que o jovem croata se revelou uma peça fundamental na
melhoria substancial da produção futebolística da nossa equipa, já me parece
abusivo considerar-se que tal se deveu unicamente à sua enorme capacidade
técnica e táctica.
A alteração de sistema foi fundamental, face ao rendimento
titubeante de Pizzi e às dificuldades de Jonas, na primeira metade desta época,
para ser, simultaneamente, o principal concretizador e criador das manobras
ofensivas. Pizzi passou a jogar apoiado no meio-campo, o que o libertou de
algumas responsabilidades ofensivas e, sobretudo, reduziu-lhe o espaço que lhe
cabe nas tarefas defensivas. Jonas, por seu turno, ganhou liberdade de
movimentos e, curiosamente, por jogar sem um jogador mais fixo ao seu lado, tem
beneficiado de mais espaço na área contrária. Krovinovic revelou-se o apoio
ideal a Pizzi e demonstrou a importância de dar seguimento a todas as jogadas,
não só pela intencionalidade ofensiva, mas também por raramente perder a posse
de bola, evitando assim desequilíbrios defensivos. A mudança de sistema
beneficiou também os extremos e laterais, pois passaram a rarear as situações
de inferioridade numérica junto às linhas.
Porém, entretanto, a equipa, como um todo, subiu de forma,
reencontrou-se com o seu objectivo principal, o penta, pois é notório que os
níveis anímicos estão mais elevados. Neste momento, é bastante mais fácil para
João Carvalho ou Zivkovic (acredito que seria uma boa opção) assumirem as
despesas que têm estado a cargo de Krovinovic do que teria sido há uns meses...
Jornal O Benfica - 26/1/2018