É com enorme orgulho que vejo ser publicada a minha
centésima crónica no jornal O Benfica, tarefa a que me tenho dedicado com
paixão e zelo, sempre no que entendo ser a defesa do Sport Lisboa e Benfica.
Recuo trinta anos e recordo-me de um fim de tarde passado
num café situado em Campo de Ourique. Entre os convivas constava um tal de
Paulino Gomes Júnior, a quem o meu pai dedicava especial reverência. “Este
senhor escreveu a ‘Ser Benfiquista’ e foi director do jornal do Benfica muitos
anos”. Mais que a letra da famosa canção, agora desde há vários anos
transformada hino, foi a menção ao cargo exercido no jornal que me serviu de
atestado de benfiquismo e garante de respeitabilidade merecidos pelo “velhote”
que acabara de ir à sua vida.
Não exagerarei certamente ao afirmar que foi com o nosso
jornal que aprendi a ler e me começou a despertar a curiosidade por conhecer
tudo o que envolve o nosso clube. As secções “Tome nota”, que era uma espécie
de agenda do fim-de-semana seguinte, “Cacharolete de notícias”, dedicada a
informações diversas, ou as tabelas com os resultados das equipas de todas as
modalidades e escalões, eram as que mais interesse me suscitavam, pois
permitiam-me entender a grandiosidade do Benfica. O Sport Lisboa e Benfica é imenso
e fascinante e percebi-o, graças ao nosso jornal, desde muito cedo.
Mudam-se os tempos, perduram as vontades. “O Benfica”
continua a servir o nosso clube, resistindo aos ciclos noticiosos vorazes, que
exigem uma actualização permanente da informação. Servirá, no mínimo, de
arquivo futuro. Aliás, sem O Benfica não teria sido capaz de escrever a
biografia do Carlos Lisboa ou o “Assim se fez glorioso”. Obrigado!
Jornal O Benfica - 6/1/2017