terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Pós-verdade

Diz-se vivermos na era da pós-verdade, em que os factos são distorcidos apelando-se a crenças pessoais e emoções para condicionar a opinião pública. Discordo porque a referência à pós-verdade nestes termos dá a ideia de se tratar de uma novidade, quando não o é. Aliás, Nietzsche já defendia a inexistência de factos, subsistindo antes as versões.

Há, porém, duas diferenças do nosso tempo em relação a todos os outros: O acesso generalizado à “informação” e a velocidade da sua propagação. Torna-se, portanto, fundamental que a pós-verdade seja denunciada e que os seus instigadores sejam combatidos tão célere quanto eficazmente. Pode-se combater a pós-verdade com outras pós-verdades, criando confusão. Mas casos há em que a base de sustentação da pós-verdade é tão frágil que os factos, se bem comunicados, serão suficientes para a desmontarem.


Dou dois exemplos: O “caso Calabote” e o “clube do regime”. Se o primeiro se desmonta recordando que o FCP foi campeão nessa temporada e divulgando crónicas de jornais da época, declarações de intervenientes e o processo que levou à irradiação do árbitro – por ter mentido no relatório e não pela sua actuação – já o segundo bastará evocar que o SLB, ao contrário dos outros “grandes”, nunca deixou de ter eleições livres e democráticas durante a ditadura e teve, entre as principais figuras do clube inúmeros declarados oposicionistas. No entanto, o segundo exemplo é de tal forma grave que o SLB não deverá, do meu ponto de vista, limitar-se a desmentir quem usa e abusa dessa acusação vil e infundada, devendo também colocar processos por difamação a quem a promove e a quem, quais meras caixas-de-ressonância, a difunde na esfera pública.

Jornal O Benfica - 1/9/2017

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