Escrevo antes do prazo de subscrição de obrigações da
Sporting, SAD, pelo que desconheço o desfecho da operação financeira. As
dificuldades são conhecidas e admitidas, não se sabendo ainda se os apelos de
dirigentes leoninos visam alertar os sportinguistas para a necessidade do seu
auxílio ou (talvez cumulativamente) para os preparar para as consequências de
uma previsível situação de tesouraria extremamente desfavorável. Em qualquer
dos casos, fica exposto o desvario da gestão anterior.
Este não é, obviamente, um problema do Benfica, mas convém
recordar que não competimos sozinhos. O forte investimento leonino no futebol
(aqui acompanhado pelo despesismo do FC Porto, apesar da intervenção da UEFA) e
restantes modalidades mais mediáticas acarretou, para os seus adversários,
necessidades de investimento superiores.
Por conseguinte, importava avaliar se o forte investimento
leonino se trataria de um epifenómeno motivado por uma vontade insana de ganhar
ou se era fruto de uma situação económico-financeira favorável. A nossa
direcção, e bem a meu ver, manteve-se cautelosa pois a resposta pareceria óbvia
não fosse a banca. Aliás, a banca (Novo Banco e BCP) intervencionada pelo
Estado via Fundo de Resolução, que, mediante um cenário de perda total e
penalizador para os seus balanços, optou, no fundo, por cortar as perdas. Ou
simplesmente quis livrar-se do eventual ónus de ser vista como a causadora do
“fecho” do Sporting.
Alerto, no entanto, para a eventualidade de nova
“reestruturação”. Espera-se, caso se verifique, que implique obrigatoriamente
racionalidade na gestão. A banca, salva pelos nossos impostos, não deveria
servir para salvar o Sporting...
Jornal O Benfica - 23/11/2018