terça-feira, 27 de novembro de 2018

SCP-BCP-NB, SAD


Escrevo antes do prazo de subscrição de obrigações da Sporting, SAD, pelo que desconheço o desfecho da operação financeira. As dificuldades são conhecidas e admitidas, não se sabendo ainda se os apelos de dirigentes leoninos visam alertar os sportinguistas para a necessidade do seu auxílio ou (talvez cumulativamente) para os preparar para as consequências de uma previsível situação de tesouraria extremamente desfavorável. Em qualquer dos casos, fica exposto o desvario da gestão anterior.

Este não é, obviamente, um problema do Benfica, mas convém recordar que não competimos sozinhos. O forte investimento leonino no futebol (aqui acompanhado pelo despesismo do FC Porto, apesar da intervenção da UEFA) e restantes modalidades mais mediáticas acarretou, para os seus adversários, necessidades de investimento superiores.

Por conseguinte, importava avaliar se o forte investimento leonino se trataria de um epifenómeno motivado por uma vontade insana de ganhar ou se era fruto de uma situação económico-financeira favorável. A nossa direcção, e bem a meu ver, manteve-se cautelosa pois a resposta pareceria óbvia não fosse a banca. Aliás, a banca (Novo Banco e BCP) intervencionada pelo Estado via Fundo de Resolução, que, mediante um cenário de perda total e penalizador para os seus balanços, optou, no fundo, por cortar as perdas. Ou simplesmente quis livrar-se do eventual ónus de ser vista como a causadora do “fecho” do Sporting.

Alerto, no entanto, para a eventualidade de nova “reestruturação”. Espera-se, caso se verifique, que implique obrigatoriamente racionalidade na gestão. A banca, salva pelos nossos impostos, não deveria servir para salvar o Sporting...

Jornal O Benfica - 23/11/2018

domingo, 18 de novembro de 2018

VAR dourado


Sou desde sempre um entusiasta da implementação de meios auxiliares à arbitragem. As vantagens são evidentes quanto ao aperfeiçoamento da verdade desportiva e a comprová-lo há inúmeros exemplos em cada temporada nos mais diversos desportos. Não sou, no entanto, ingénuo e, por isso, conhecedor do lastro de incompetência e, sobretudo, da permeabilidade da arbitragem do futebol português a movimentos de pressão, coacção e outros que tais que, no passado, quando por uma única vez se viram expostos, encontraram em Vigo o refúgio adequado, foi com cautela na mesma medida que acolhi a inovação.

Como tal, logo deixei registada uma graçola mais séria do que poderá ter parecido a quem a leu ou ouviu: o VAR, como o berbequim, é uma excelente ferramenta. Mas é preciso cuidado porque se eu tiver um berbequim na mão, o mais certo é escavacar a parede e, com algum azar, furar um cano.

Acresce que os operários do VAR, alguns deles parciais, respondem a um capataz cada vez mais evidentemente incompetente para lidar com os agentes do futebol. E, para agravar o estado da arbitragem portuguesa, Fontelas Gomes aparenta ser selectivo quando entende que se deve justificar. Sorria, por favor, pois é melhor que desatar às cabeçadas contra uma parede: entre tantas e tantas decisões incompreensíveis, Fontelas entendeu que uma boa decisão a favor do Benfica (Portimonense na Luz) justificava uma explicação, no fundo uma espécie de pedido de desculpa por ter prevalecido a verdade desportiva. Passado demasiado tempo, entende-se a extensão e a metodologia do permanente pedido de desculpa, pergunte-se como ao Chaves e ao Feirense, algumas das vítimas mais recentes, em prol já se sabe de quem...

Jornal O Benfica - 16/11/2018

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Hóquei


Num bairro típico lisboeta em que já morei, havia um tipo que passava a maior parte do dia numa das esquinas do cruzamento mais movimentado, ora falando com este e aquele, ora não raras vezes só, encostado à parede de um prédio a aproveitar os benefícios desta nossa Lisboa soalheira. De vez em quando ausentava-se, mas pode-se afirmar, em tom caricatural, que aquela esquina tinha um semáforo e o tal tipo, além da vaga incessante de transeuntes de ocasião.

Passados uns anos, perguntei a um amigo, há muito morador no bairro e conhecedor profundo do bas fonds local, tendo em conta que aquele homem não parecia endinheirado, qual seria o seu sustento. Respondeu-me que trabalhava num número e eu, ingenuamente, demorei a perceber que se tratava de um carteirista cuja vocação profissional encontrava num dos mais requisitados autocarros da Carris as condições óptimas para maximizar os proventos do seu labor. Um dia, notoriamente indignado, vociferava para quem o ouvia: “O passe da Carris está cada vez mais caro, são uns gatunos!”. Recordo-me sempre desta história cada vez que oiço um portista a criticar arbitragens de futebol ou de hóquei em patins.

Não conheço, no entanto, qualquer episódio ilustrativo da inusitada propensão de hoquistas portistas para interagirem, recorrendo aos sticks, com o público adversário. Ocorre-me uma palavra: selvajaria. E outra: impunidade. Desde logo fomentada por quem os dirige, que aparentemente finge tratar-se de uma reacção compreensível motivada por um excesso de adrenalina momentâneo. E, mais grave ainda, de quem dirige a modalidade, cuja habitual ligeireza na sanção destes casos remete-nos para a esfera dos países subdesenvolvidos.

Jornal O Benfica - 9/11/2018

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Ineficácia


Se há virtude que deve ser reconhecida a Rui Vitória é a humildade nos sucessos, que não têm sido poucos desde que é treinador do Benfica. Em todos, sem excepção, fez questão de distribuir os louros, rejeitando sempre a atribuição de mérito individual aos frutos do seu trabalho. Portanto, é da mais elementar justiça que, nos insucessos, Rui Vitória beneficie da mesma postura por parte de quem avalia o seu desempenho.

A derrota no Jamor frente ao Belenenses, SAD deveu-se a inúmeros factores, incluindo, à primeira vista, a opção do nosso treinador por três avançados durante um período da segunda parte que, ao invés de produzir o efeito desejado, tornou aparentemente mais difícil a recuperação da desvantagem. Mas antes dessa substituição já os jogadores, numa noite extremamente infeliz, haviam desperdiçado inúmeras ocasiões claras de golo – só as falharam porque as criaram (18 remates na área) – e, para agudizar a situação, haviam cometido dois erros resultantes em golos do adversário. Para ajudar à festa, o sempre prestável Artur Soares Dias colaborou no segundo tento azul, ficando assim por demonstrar o expectável: com 1-0, a segunda parte seria diferente. Foquemo-nos na ineficácia, até agora o nosso maior problema nesta época.

P.S. Já era conhecida a impunidade de Felipe, central do F.C. Porto, relativamente à violência em campo. Desconhecia-se, no entanto, que beneficia da mesma relativamente à regra do fora-de-jogo. Só encontro esta explicação para o que se passou no Dragão. Deve ser inédito um vídeoárbitro reverter uma boa decisão num lance de fora-de-jogo. Aguardo (mas sentado) por uma punição severa do Conselho de Arbitragem a Rui Oliveira e Vasco Santos.

Jornal O Benfica- 2/11/2018

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Passados quinze anos...


Recordo-me de ter aderido imediata e entusiasticamente à proposta da construção de um novo estádio da Luz, apesar de partilhar, então, os mesmos anseios da generalidade dos benfiquistas, como a eventual perda de identidade ou as dificuldades financeiras prementes após anos de má gestão (e danosa em parte deles) que, eventualmente, se agudizariam face ao elevado investimento necessário. Conhecia bem o estado de degradação do velhinho estádio, colocando de lado a mais simpática, do ponto de vista afectivo, hipótese de remodelação. A propalada partilha de um estádio com o Sporting, motivada por um economicismo, para mim, incompreensível, nunca foi solução, e sempre que a questão se colocou, bati-me ferozmente com quem defendia esse ponto de vista.

O que não vislumbrei na altura é que um estádio é mais que uma mera infra-estrutura (a edificação do Caixa Futebol Campus é também um belo exemplo). Luís Filipe Vieira e Mário Dias, os homens a quem, nessa fase de indefinição, se deve a ousadia da empreitada, bem clamavam por supostos benefícios que julguei não passarem de promessas vãs. Acreditava que evitar que o Sport Lisboa e Benfica se visse, um dia, a contas com intervenções forçadas e muito onerosas que não passariam de remendos era argumento suficiente.

Mas, passados quinze anos, torna-se evidente a diferença entre sonhadores e visionários. Sonhar é fácil. Ter a capacidade para sonhar, implementar o sonho e cumpri-lo é outra conversa. O novo estádio da Luz foi, de facto, o catalisador prometido para o Benfica moderno, pujante associativa e desportivamente e viável económica e financeiramente preconizado. Sempre fomos o maior clube português, voltámos a ser o melhor.

Jornal O Benfica - 26/10/2018

Números da semana (170)

1 O Benfica ganhou o Campeonato Nacional de estrada (5 kms). A nível individual, o campeão nacional foi Luís Oliveira, do Benfica; 5,1% ...