segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Monumento a Cosme Damião

Considerações estéticas à parte, gosto do monumento por se tratar de uma iniciativa popular, via orçamento participativo da CML, e por ser justa. Cosme teve a capacidade de sonhar e o engenho de liderar, pelo exemplo, a construção da utopia benfiquista. Sem Cosme, não haveria o Benfica que tanto amamos.

No entanto, reconheço existir conflituosidade na forma como encaro a homenagem a um dos nossos fundadores. A nossa divisa, “E pluribus unum”, que, em “benfiquês”, significa “Um por todos e todos por um”, traduz o ideal benfiquista de e para todos. O próprio Cosme sempre se mostrou discordante da personificação dos feitos benfiquistas, sobretudo em causa própria. Todos contribuem (ou deveriam) na medida das suas possibilidades para o engrandecimento do SLB e ninguém é dispensável desse desiderato. E Cosme tinha razão: A rejeição do providencialismo acaba por ser um mecanismo de defesa do clube, não o deixando refém daqueles que, em determinada altura, se evidenciam pela sua capacidade de servir a causa.

Porém, não nos deveremos deixar enredar num tradicionalismo exacerbado. Levar Cosme à letra seria um erro. Muito do que defendeu, se aplicado hoje, seria anacrónico e prejudicial. Considero inteiramente justo homenagear Cosme, só me incomodando a tendência recente para o transformar numa espécie de messias do Benfiquismo. Assim como Cosme (e Eusébio e Guttmann), outros há merecedores de destaque: Gourlade, Bermudes, Ribeiro dos Reis, Conceição Afonso, Bogalho, Maurício Vieira de Brito, Borges Coutinho e tantos, tantos outros… Enaltecê-los será enaltecer o Benfica. É redutor centrar em Cosme o Benfiquismo.


P.S. Obrigado a Vasco Sá Fernandes, o autor da iniciativa.

Jornal O Benfica - 3/3/2017

Números da semana (170)

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