Mesmo num mundo ideal, os erros de arbitragem continuariam a
ocorrer, embora desejavelmente com menor frequência, fruto das inegáveis
dificuldades da função. O que nunca aconteceria, passado um terço de uma
competição, seria constatar-se um desequilíbrio tão acentuado quanto aos
beneficiários desses erros como na presente temporada na Liga NOS.
No dia 10 de Dezembro, o Conselho de Arbitragem divulgou,
pelo Twitter, uma análise sobre a utilização do “vídeo-árbitro” nas primeiras
onze jornadas do campeonato. Foi revelado que, de acordo com a análise
efectuada, identificaram-se e avaliaram-se 639 lances, dos quais resultaram
nove erros. Até parece que está tudo a correr bem...
Porém, lendo os vários tweets, apesar de não haver um único
que o revele explicitamente, percebe-se que dos tais 639 lances, só 33
motivaram revisões e que os nove erros, que o Conselho de Arbitragem, sabe-se
lá por que razão, entendeu que não deveria revelar quais foram e quem os
cometeu ou a quem prejudicou e beneficiou, referem-se às 33 revisões. Ou seja,
nove erros em 33 casos (27,3%). Qual terá sido a percentagem de erros nos
restantes 606 casos? E quantos lances, além dos 639, terão ficado por analisar?
Um Conselho de Arbitragem exclusivamente focado na verdade
desportiva, e não na auto-preservação, responderia a estas questões, ao invés
de propalar um hipotético sucesso tão facilmente desmontável. Não há jornada
sem casos a favor do F.C. Porto. Louve-se a coerência, não havendo mais para
enaltecer.
P.S. O silêncio sportinguista nesta matéria é ensurdecedor e
revelador. Ou se sentem beneficiados ou não se preocupam assim tanto com o
título (desde que não seja o Benfica a ganhá-lo).
Jornal O Benfica - 21/12/2018