Todos nos lembramos da primeira intervenção de Jonas ao
serviço do Benfica: Um cabrito a um arouquense. Com o nulo ao intervalo, o
brasileiro estreou-se na Luz, o tal que, na demanda insaciável dos nossos
adversários por nos verem falhar, mas também por parte de benfiquistas
pessimistas militantes, logo lhe havia sido colocado o rótulo de reformado. Não
foi mau como cartão-de-visita, porém não se ficaria por esse lance genial numa
partida em que o 0-0 teimou até aos 75 minutos. Uma assistência brilhante, que
acabou por não o ser devido à inépcia de um colega, e a finalização, plena de
oportunidade, que nos deu o 4-0 no ocaso da partida, acalentaram-nos a
esperança no acerto da sua contratação. No jogo seguinte, um hat-trick na
Covilhã. E, na primeira época em Portugal, apesar do começo tardio para Jonas,
só não se sagrou melhor marcador do campeonato porque, inexplicavelmente,
Jackson Martínez beneficiou da atribuição de dois golos que não foram da sua
autoria (no Restelo e no Bessa).
Desde então Jonas firmou-se como o melhor jogador da nossa
equipa e mesmo na época passada, em que passou largos períodos ausente por
lesão, acabou por ser fundamental na conquista do título. Jonas usa o relvado
para expor a sua arte, performativa porque parte do diálogo com a bola para
transformar a seu favor o contexto em que se vê inserido. Vê-lo jogar é ter a
oportunidade de confirmar que o futebol é mais fácil do que parece, mas só para
alguns, os poucos que, como o Jonas, adivinham os lances e executam-nos independentemente
do grau de dificuldade. E o resto são golos, muitos golos, 90 em competições
oficiais, o 22º melhor de sempre do Benfica em pouco mais de três anos.
Jornal O Benfica - 25/8/2017