Quem diria, em 1907, que a “deserção” de oito
jogadores do Sport Lisboa para o Sporting seria o início de uma relação centenária
entre ambos os clubes, cujos papéis estão perfeitamente definidos: O Benfica é
o alvo preferencial, senão único, da cobiça sportinguista. E cabe-lhe
prosseguir no seu rumo, indiferente a quem tenta, por todos os meios, chegar-se
à sua grandeza.
Esta relação de forças resulta numa atitude
comportamental distinta. Se, do lado encarnado, chega a existir uma certa bonomia
perante as investidas leoninas, do Lumiar chovem ameaças de ataques fatais ao, embora
só intimamente por eles reconhecido, domínio benfiquista.
Tal consubstancia-se no seguinte: Os sportinguistas
pressentem que poderão superiorizar-se aos benfiquistas num determinado momento,
o que acontece ridícula e frequentemente. Alardeiam feitos inolvidáveis por
realizar, dedicam-se a festejos antecipados e ataques de toda a espécie e
anunciam a inversão definitiva dos papéis de cada clube nesta rivalidade.
Esquecem-se, ou fazem por esquecer, que a
superioridade benfiquista é a norma e que a “glória” leonina, quando ocorre, é
efémera. Em Portugal, o adjectivo “glorioso” tem dono e só combina com o
vermelho. Por isso, independentemente de quem sairá vitorioso do próximo dérbi
e do estado de espírito resultante do mesmo, o Benfica continuará a ser o
incontestado glorioso e o Sporting não passará do frustrado aspirante a ser o
Benfica que nunca conseguiu ser. Todos os resultados são possíveis, mas a
afirmação anterior já merece o cariz dogmático que lhe atribuo.
P.S.: Que fim-de-semana passado… Tão vitorioso
quanto ecléctico, só ao alcance de um clube como o SLB!
Jornal O Benfica - 23/10/2015