No sábado passado, enquanto assistia ao jogo dos iniciados,
dei por mim entusiasmado com a velocidade, criatividade e técnica de um dos
nossos jogadores, o Jair Tavares. Fez-me lembrar o Mário Ferreira, o
“Valderrama”, apenas um ano mais velho. Com um estilo diferente, o “Jota”,
nascido dois anos antes. Ou o Diogo Gonçalves e o João Carvalho, estes já na “B”,
mas com idade de júnior. Ou o Gonçalo Guedes, a dar os primeiros passos na
equipa principal, assim como o Hélder Costa já o fez na temporada passada no
Corunha, ou o Ivan Cavaleiro, hoje um valor seguro na liga francesa.
Em comum, os atletas mencionados foram ou estão a ser
formados no CFC, actuam preferencialmente a extremo, é-lhes apontado um futuro
risonho no futebol e têm, entre si, pela ordenação utilizada, um ano de idade a
separá-los. Muitos outros poderiam ser indicados noutras posições.
O futuro do Benfica passa, inevitavelmente, por esta fonte
de promessas futebolísticas formadas no Seixal. Por convicção: A identificação
com os valores benfiquistas, quando assimilados desde cedo, é, na maioria dos
casos, mais robusta; E por necessidade: Os recursos são finitos, a capacidade
de endividamento nem sempre é a necessária, a massa salarial tenderá a diminuir
e as mais-valias decorrentes da alienação de passes a aumentar.
Nada disto, no entanto, será relevante se a nossa equipa
principal deixar de ser competitiva. Como tal, fiquei descansado ao ler nas
entrelinhas da entrevista concedida pelo presidente Luís Filipe Vieira ao
jornal A Bola que esta aposta não é dogmática. Abrir portas aos miúdos é importante,
mas terá sempre de ser indispensável mostrarem capacidade para atravessá-las.
Jornal O Benfica - 11/9/2015