Considerado o clube melhor sucedido na formação, o Barcelona
alia sucesso desportivo a uma presença elevada de jogadores da cantera na sua equipa principal. Goza,
no entanto, de uma especificidade exclusiva de um grupo restrito de clubes, que
passa pelo capacidade de investimento que lhe permite não só manter a maior
parte das pérolas da sua formação, como dispor de alguns dos melhores
executantes a nível mundial.
A lógica é a seguinte: Detectar talentos; Formar jogadores
com elevado potencial; Ter espaço para, sem detrimento da competitividade da
equipa, lançar os jovens mais promissores; Adiar, tanto quanto possível, a
alienação dos passes desses atletas.
O Benfica cumpre exemplarmente os primeiros dois passos
deste modelo. Implementa agora o terceiro. O seu sucesso, que não implica
ganhar sempre, mas regularmente, permitirá o quarto que, num mundo ideal,
corresponderia ao patamar do Barcelona. Contudo, poderá resvalar para um Ajax,
quase irrelevante no contexto europeu e dependente das fornadas de novos
jogadores no desempenho a nível interno.
A saúde financeira é essencial, baixando o passivo e os
custos financeiros, redirecionando estes para o pagamento de salários e a
compra de passes de atletas para posições carenciadas, porventura aumentando
significativamente o custo médio de aquisição, mas diminuindo o montante global
do investimento. Por outras palavras, comprar menos, mas melhor.
É certo que, nesta política, os riscos desportivos são
maiores. Por conseguinte, importa evitar atalhos e inflexões na implementação
desta estratégia. Em suma, o rumo está definido e terá que sobreviver a uma
eventual conjuntura adversa.
Jornal O Benfica - 20/11/2015