Celebrar a conquista da selecção e evidenciar o contributo,
enquanto formador, para a mesma, é legítimo. Torna-se, no entanto, ridículo,
querer fazer suas proezas alheias, típico de quem pouco ou nada ganha. Os
clubes alimentam-se de vitórias, levando a que a míngua das desportivas seja
colmatada com as morais, na maior parte dos casos demagogicamente. É o caso do
Sporting e o seu regozijo, a roçar o triunfalismo, pela presença, entre os 23 campeões
europeus em França, de dez atletas formados por si.
O que é diligentemente escamoteado em Alvalade, além de
nenhum desses atletas se ter sagrado campeão nacional pelo clube que os formou,
é o facto do mais novo desses jogadores ter 24 anos de idade e rarearem cada
vez mais os internacionais em escalões etários anteriores.
No caso do Benfica, Danilo, com 24, é o mais velho,
seguindo-se André Gomes, com 22, e Renato Sanches, 18. Se a estes dados forem
acrescentados os das convocatórias das várias selecções jovens, torna-se
evidente que a bandeira da formação deixou de ser exclusiva dos leões, para não
afirmar mesmo que o direito a hasteá-la transitou integralmente para a Luz. E
com um mérito indiscutível: “Apesar” dos miúdos, o Benfica é tricampeão
nacional.
Sem bola, mas com discos, martelos, varas, saltos e correrias,
o Benfica, apesar de desfalcado, venceu, pela sexta temporada consecutiva, o
Campeonato Nacional de atletismo (formando e ganhando). À semelhança do futebol
e hóquei em patins, o Benfica cumpriu o seu desígnio: ganhar! No basket, andebol,
futsal e vólei, não obstante os vários troféus e a presença na final dos
respectivos campeonatos, faltaram as faixas de campeão. Há que melhorar!
Jornal O Benfica - 22/7/2016