Foi com enorme satisfação que visitei a exposição de Roland
Oliveira na antiga secretaria da Jardim do Regedor. Desde logo pelo local,
outrora um baluarte do benfiquismo, do qual quase só ouvi falar. Também pela
recuperação do espaço, abandonado que parecia estar há muitos anos. Ademais, a
exposição, cuja receita reverte integralmente para a Fundação Benfica, é muito
interessante, não fosse o espólio fotográfico de Roland Oliveira uma autêntica
história, em imagens, de grande parte da vida do SLB. Finalmente, por se tratar
de uma homenagem a um homem que tive o prazer de conhecer e a quem sempre
admirei a paixão pelo Benfica e pela fotografia.
Não sei precisar no tempo o momento em que o conheci, mas
creio que terá sido no final dos anos oitenta, por volta dos meus dez anos de
idade. Sempre acompanhado pela máquina fotográfica, cada instante poderia ser
eternizado pela arte do “Sr. Rólando”, como eu lhe chamava. Dos muitos exemplos
que poderia referir, recordo uma das minhas fotografias preferidas de Carlos
Lisboa, cuja produção presenciei.
Empoleirado, por trás da tabela de basquetebol, num escadote
instável, mas seguro por um assistente de ocasião, no caso o Sr. Albano,
roupeiro do basquetebol, Roland Oliveira elevou-se a uns quatro metros de altura
para daí poder fotografar o astro do basquetebol português de um ângulo nunca
visto.
Morreu aos 87 anos, em 2007, debilitado por uma queda de um
muro perto do Colombo, em 2003, que o limitou na arte que tanto amava. Caiu
enquanto tentava fotografar o novo estádio da Luz, ainda em construção. E foram
certamente inúmeras as magníficas fotografias que ficaram por tirar…
Jornal O Benfica - 1/7/2016