Muito já se falou do antijogo dos jogadores academistas, com
a permissividade de um Capela incapaz de suster essa estratégia tão nefasta
para o espectáculo. A Académica foi a negação do futebol, a antítese do
espírito do jogo, um nojo, futebolisticamente falando. Mereceu perder,
mereceria ser goleada.
Não diria nojo, mas algum asco, é o que provoca a demissão
temporária da função de jornalistas que verificamos regularmente por parte dos
profissionais portugueses da comunicação social. Jorge Jesus afirmou que “não
se cria uma cultura de campeão em meses, mas em vários anos”, sem que alguém
lhe perguntasse se esta convicção era válida em 2010. É como ouvir atoardas lançadas
por Octávio ao Benfica sem que seja confrontado com os elogios recentes, estava
ainda longe de imaginar que viria a trabalhar no Sporting. Ou Inácio a falar de
penáltis, ele que foi campeão há muitos, muitos anos, sem penáltis assinalados
contra a sua equipa, e ninguém o relembra desse fenómeno. Ou ainda Bruno de
Carvalho, esse paladino da moral e dos bons costumes, mais parecendo um
pirómano do Facebook que se contradiz hilariantemente noutros palcos sob a
complacência de jornalistas aparentemente prontos a escamotearem uma postura
tão ridícula quanto censurável.
Contra tudo isto e um calendário que já pareceu favorável,
mas que o Porto demonstra agora, jornada após jornada, que será fácil ao
Sporting conquistar três pontos no Dragão, serão cinco as finais que, não nos
iludamos, teremos mesmo que vencer. O desafio é enorme, mas se há equipa apta a
ultrapassá-lo, é a nossa. A sua qualidade e entrega, com o apoio inexcedível
que lhe chega das bancadas, deixam-me confiante!
Jornal O Benfica - 15/4/2016