Com o sucesso do 6º Mundial da Sueca das Casas do Benfica disputado
no início deste mês, dei por mim a usar o popular jogo de cartas como metáfora
do próximo campeonato.
O Sporting acredita que, tendo o presumível ás de trunfo,
transformará as suas damas e valetes em manilhas e ases, talvez ignorando que,
por si só, e apesar de esta ser uma carta dominante sobre todas as outras, vale
apenas 11 dos 120 pontos do baralho. E com duas agravantes: Por um lado, são
mais os duques e os ternos na sua mão que os tais valetes e damas; Por outro, é
desconhecido, à partida, qual será o naipe que prevalecerá sobre os outros.
O Porto, com a postura típica de um jogador de poker,
sentar-se-á à mesa aparentemente autoconfiante, gozando de algum público sempre
prestável nas horas difíceis, que tratará de bajular as suas cartas e denegrir
as dos seus adversários. Antes do início da partida, contará com as sentenças precoces
de observadores que mal conseguem disfarçar a sua preferência ou, nalguns casos,
o seu dono. Como sempre, tudo fará por escolher a mesa, o baralho, o trunfo e
as cartas que serão distribuídas a cada jogador. Se ninguém estiver atento,
fará algumas renúncias. Fá-las-á mesmo que não haja quem se distraia, é a sua
natureza. Fará ainda todos os sinais que lhe for possível e ser-lhe-á
impossível evitar espreitar o jogo dos adversários.
E nós lá estaremos sentados, indiferentes ao ruído à nossa
volta e cientes que uma boa mão, com um ou dois ases, uma ou outra manilha e alguns
trunfos, mesmo que não chegue para dar uma “chita” ou “dois”, será, desde que a
estratégia seja consistente, suficiente para vencer a terceira partida
consecutiva.
Jornal O Benfica - 24/7/2015