Contrariamente ao que muitos propalaram, o apuramento do Benfica para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões não se deve ao Bayern. Os alemães limitaram-se a fazer o que deles era esperado, somando a sexta vitória.
Apesar das goleadas sofridas ante o Bayern, o Benfica teve
um bom desempenho. Frente a Barcelona e Dinamo Kiev venceu os jogos na Luz e
empatou fora, não sofrendo qualquer golo. Resumir o apuramento à contracção de
uma dívida de gratidão ao Bayern é redutor e desonesto intelectualmente.
O Ajax é o adversário que se segue e a tarefa de passar aos
quartos-de-final não é nada fácil. Escusado será de dizer que já começou a
desvalorização dos neerlandeses, útil para os detractores qualquer que seja o
desfecho. Se o Benfica passar, o sorteio foi bom; se for eliminado, não cumpriu
a sua suposta obrigação. Nada que qualquer benfiquista minimamente atento não
antecipasse.
Rui Vitória, qual némesis de Jorge Jesus, conhecedor profundo
da realidade benfiquista, passou, de repente, a liderar um bando de jogadores inaptos
para estas andanças. O PSV, ultra difícil obstáculo de transpor, goleador, na
Supertaça, do extraordinário Ajax, subitamente demonstrou pouco traquejo
europeu e um plantel curto. E o Barcelona e o Dinamo Kiev, o primeiro antes
intransponível, depois ao alcance de qualquer um, e o segundo de candidato à
Liga Europa a indigente num ápice, fizeram com que a passagem benfiquista não
passe, dizem eles, de uma mera formalidade.
Agora vem o Ajax e já ouvi um tipo no canal de
entretenimento CMTV (enviaram-me um vídeo, não frequento aquilo), afirmar que
este Ajax não vale tanto como os resultados com o Sporting fazem parecer.
Bastou, no sorteio, o nome Ajax surgir junto do Benfica para que o treinador
Ten Hag e jogadores como Haller, Antony, Tadic, Berghuis, Blind, Gravenberch e
outros tenham desaprendido – ou nem sequer alguma vez aprendido, apesar das
goleadas ao Sporting – de jogar futebol. É extraordinário. Extraordinariamente
patético.
Jornal O Benfica - 17/12/2021