O futebol português tem idiossincrasias que o tornam peculiar, tornando-o incompreensível a observadores menos atentos. Ora vejamos as mais recentes:
- Um guarda-redes distraído não prestou atenção à sinalética
de um árbitro que, muito bem a seguir as recomendações em prol da maximização
do tempo útil do jogo, assim como da rapidez e fluidez do mesmo, em suma, em
defesa do espectáculo de acordo com as regras, não interrompeu a partida para a
marcação de um fora de jogo. O guarda-redes soltou a bola como se o jogo
tivesse sido interrompido, um avançado apercebeu-se e a reagiu e o guarda-redes
acabou por jogar a bola com a mão fora da área e foi bem expulso. No dia
seguinte, uma panóplia de ex-árbitros, agora analistas, ao invés de se
limitarem a assinalar o mérito da decisão, enveredaram por críticas ao árbitro invocando
o espírito do jogo e reclamaram por bom senso. Leia-se, segundo estas cabeças
pensantes, o árbitro deveria ter decidido contra as regras em nome de supostos
espírito do jogo e bom senso. Todos fizeram longa carreira na arbitragem, o que
explica muita coisa;
- E temos mais uns candidatos a analistas de arbitragem num
qualquer jornal daqui a uns 20 anos. Estes assumiram a sua candidatura no
Famalicão – Porto. Com “bom senso” e respeito pelo “espírito do jogo”, o Porto
não perdeu pontos;
- O cartão de adepto, além de ser uma panaceia, viola
direitos consagrados na constituição. E é preconceituoso em relação aos adeptos…
Talvez o Secretário de Estado do Desporto perceba melhor assim a gravidade do
que promoveu: como já houve políticos condenados por crimes, a partir de agora
deveria exigir-se aos cidadãos na política um cartão de político, pois são
potenciais criminosos. É absurdo, não é?
Jornal O Benfica - 20/8/2021
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