Para um benfiquista, perder é horrível, contranatura, os vocábulos atropelam-se na conjugação deste verbo, idilicamente interdito, se o sujeito gramatical for o Benfica. Chega a ser doentio. As circunstâncias podem agravar ou mitigar a maleita, mas ela existe.
E empatar é quase sempre mau, a sensação de impotência e
incredulidade assemelha-se à da derrota, exigindo ginástica mental para, se
aplicável, optar-se pelo pragmatismo em função da utilidade de um resultado.
Logo, ganhar é a única via, apesar de nem sempre plenamente
satisfatória. Há ainda que ganhar à Benfica, um conceito vago sujeito às mais
diversas interpretações, aludido por todos, raramente reconhecido por muitos.
A circunstância da derrota agrava-se, por razões diferentes,
se o adversário for o Sporting ou o Porto. Se ao primeiro confere a rivalidade
histórica, a implantação social em grande parte do país e os evidentes
sentimentos de inferioridade, ressentimento e inveja, ao segundo constata-se o ímpeto
desportivo nas últimas décadas e subsiste inevitavelmente, justa ou
injustamente, a sensação de se defrontar quem, amarrado à sua pequenez a vários
níveis, não olha a meios para atingir os fins. Não é chamada para o caso a
maior probabilidade de insucesso face a estes opositores, pela melhor ou pior
qualidade em cada momento, quase sempre superior à dos restantes adversários
nacionais.
O Benfica é o maior clube português, logo tem de ser sempre o
melhor. Em todas as competições e em todos os jogos! Dê por onde der, venha
quem vier, mesmo não havendo, nesta asserção, adesão à realidade ou à história,
sobejando exemplos de grandes equipas do Benfica derrotadas aqui e ali.
O que não é mau, diga-se de passagem. Lutar permanentemente
com as vicissitudes inerentes à competição desportiva, entre as quais a
inevitabilidade de resultados adversos, obriga à busca da superação constante,
aproximando-nos de mais vitórias. Verificada a derrota (ou empate), só há uma
coisa a fazer: perceber as razões do desaire e corrigi-las. Há muito por
disputar nesta temporada, é aos títulos que nos continuamos a propor.
Jornal O Benfica - 10/12/2021
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