A velocidade média de um jogador de futebol, quando arranca
e sprinta, é 29 Kms/hora (35 metros em 4.3 segundos). Ou seja, ligeiramente
acima de 8 metros por segundo. Se o VAR, em Portugal, usar 300 frames por
segundo, o que estaria na vanguarda deste tipo de tecnologia, significa que,
entre cada frame, há uma distância média de 2,7 cms.
Escolher o frame exacto é, de certa forma, aleatório, e as
linhas têm de coincidir com a parte do corpo mais adiantada (de dois jogadores,
outro passo complicado). Portanto, é evidente que deveria haver uma margem de
erro suficiente para prevenir os erros até certa medida. E a lei do jogo até é
indicativa de quem deverá ser beneficiado nessa margem: os atacantes.
Acontece que o Benfica teve um golo anulado devido a um
fora-de-jogo, supostamente, por escassos quatro centímetros. Dois frames antes,
em 300 (0,006666 segundos antes), e as linhas rigorosamente colocadas e possivelmente
teria sido golo.
Felizmente ganhámos e este lance foi irrelevante para
definir o vencedor. Assim como o da grande penalidade por marcar a nosso favor,
numa falta mais que evidente sobre Rúben Dias. Se no fora de jogo abusivamente
assinalado houve centímetros a mais, no (não) penálti houve, nas lentes de
árbitro e vídeoárbitro, se as usam, dioptrias a menos. Ou não precisam de
lentes, o que piora a situação. Não me surpreende, infelizmente.
P.S. A propósito do trágico falecimento de Kobe Bryant, além
de manifestar o meu pesar e partilhar a enorme admiração que lhe devotei, apraz-me
referir que as homenagens póstumas, como os cemitérios, servem mais aos vivos
do que aos mortos. Esta é uma das razões, talvez a principal, do meu orgulho pelo
nosso extraordinário museu.
Jornal O Benfica - 31/1/2020
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