Sou contra o acordo ortográfico por eliminar consoantes que,
embora mudas, alteram a sonoridade das palavras, não significando que seja um
conservador neste domínio. Pelo contrário, aprecio a constante mutação lexical.
A minha preferência recai na assimilação de nomes próprios. Há
variadíssimos casos como os de Sade, Masoch, Maquiavel, Narciso, Pangloss ou
Pantagruel, entre muitos outros, que originaram novas palavras. E temos, por
exemplo, os sinónimos “proençada” e “xistrada” que, pela efemeridade dos actos
e irrelevância dos sujeitos, jamais passarão de calão. Veríssimo, como é
evidente, também não passará do calão.
Do ponto de vista semântico, além do da substância, é de
facto uma verdadeira fava sempre que Fábio Veríssimo sai ao Benfica, pois a
origem latina de ambos os nomes, em que o primeiro deriva de “faba”, que
significa “fava”, e o segundo evoluiu de “veras”, muito verdadeiro, valida o
que já apreendemos empiricamente: Nomear Fábio Veríssimo para arbitrar jogos do
Benfica é um insulto à nação benfiquista.
No calão, “Veríssimo” vai-se popularizando vertiginosamente.
O seu significado, arrisco dizer, resulta da combinação de várias
características como a incompetência, a prepotência, a teimosia e a aversão ao
vermelho, exacerbadas por manifestações ridículas do uso de pequenos poderes.
Quanto a Veríssimo, o homem, já se tornou uma caricatura dele próprio.
Felizmente, a exibição da nossa equipa frente ao Marítimo
não permitiu que Veríssimo nos verissimasse significativamente. Mas Veríssimo é
veríssimo e o verissimado acabou por ser Vinícius. Só mesmo um grandessíssimo
veríssimo poderia atribuir o segundo golo de Vinícius ao defesa que o tentou
evitar...
Jornal O Benfica - 6/12/2019
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