terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Sequeira Andrade


Sempre que alguém morre recordo-me do Prof. Agostinho da Silva, num dos episódios do “Conversas Vadias”, a interromper Miguel Esteves Cardoso para o informar de que “não pode garantir que vamos morrer”, e logo acrescentar, assumindo essa hipótese como muito provável, que “não há dúvida de que temos visto os outros morrer”. Na morte de outrem constatamos a nossa própria mortalidade e desta vez coube a João Sequeira Andrade, aos 91 anos, recordar-nos dessa (tomada por garantida) inevitabilidade.

O senhor Sequeira Andrade de velho tinha apenas o aspecto e a idade. A jovialidade do seu pensamento, a argúcia do seu raciocínio, a vastidão da sua cultura, o acentuado interesse pelo quotidiano e a constante perspectivação do futuro, estavam bem patenteadas nas interessantíssimas cartas dirigidas ao seu dilecto “amigo” Pancrácio, as quais me fez o favor de me as dar a conhecer. Foram 250 e a última iniciava com a despedida do autor, cuja paixão por atletismo se fez notar também no anúncio que ninguém desejaria ler, o de que estaria a chegar à meta da sua vida.

Poucas vezes tive o prazer de com ele me relacionar pessoalmente, mas de todas, sem excepção, guardo boas recordações. A simpatia, a educação e o sentido de humor apurado eram constantes. E mais ainda o benfiquismo e a cultura benfiquista, que eu já havia conhecido dos tempos em que colaborou com o jornal O Benfica e que tão bem evidenciados eram nas cartas ao Pancrácio. Enquanto interessado em aprofundar os meus conhecimentos sobre a história do Benfica, não tenho quaisquer dúvidas de que o contributo de João Sequeira Andrade foi inestimável e que para sempre o admirarei e estarei agradecido. Até sempre!

Jornal O Benfica - 25/10/2019

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