Na semana passada enquadrei a OPA à SAD na promessa de
“devolução do Benfica aos benfiquistas”. Hoje, sem desprimor de outras questões
que me parecem igualmente relevantes, abordarei a vertente do investimento
financeiro.
Muito se tem falado sobre o custo desta operação – cerca de
32M€ - caso se revele inteiramente realizada. Erradamente, há quem refira que
este montante poderia ser aplicado no reforço do plantel, mas não será a SAD a
despender esse montante, será a SGPS, que em nada contribui para o orçamento da
equipa de futebol.
Outros defendem que o dinheiro seria melhor aplicado num
aumento de capital da SAD, mas esse, se fosse, por exemplo, de 50M€ (para
manter a quota do SLB – 63,65%), seria relativamente insignificante pois
equivaleria a menos de um terço das receitas operacionais sem atletas e a cerca
de 20% das receitas operacionais incluindo atletas da época passada. E está por
provar se haveria investidores para os restantes 18M€ - há quase vinte anos, a
procura ficou muito baixo do expectável e foi necessário que três ou quatro
sócios investissem largas somas para “salvar” a operação.
Mas há que considerar o lado do investimento financeiro. Nas
últimas seis épocas, o SLB apresentou sempre lucro e o resultado líquido
acumulado neste período chegou aos 111M€. O impacto da SAD nestes lucros ascendeu
a 80M€ (seis anos consecutivos a dar lucro, total de 136M€). Se, em vez dos
63,65%, o SLB detivesse 91% do capital da SAD, estimo que o impacto teria sido
cerca de 113M€, ou seja, mais 33M€ em seis anos. E, com uma percentagem de capital
tão elevada, será de considerar a possibilidade da SAD optar pelo que,
compreensivelmente, nunca fez até hoje, a distribuição de dividendos.
Jornal O Benfica - 29/11/2019
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