Há vários anos que discordo da ideia de que a partilha
equitativa das receitas televisivas resolveria os problemas de competitividade
do futebol português. Antes de qualquer argumento, relembram-me sempre que sou
benfiquista, o que supostamente me desqualifica nesta discussão.
Esquecem-se, no entanto, que o Benfica seria, a nível
interno, o principal beneficiado dessa medida. Para chegar a essa conclusão, basta
comparar as receitas obtidas por cada SAD, excluindo as de direitos
televisivos, em que as do Benfica são significativamente superiores às dos seus
concorrentes directos e “infinitamente” maiores que as dos restantes clubes. O
equilíbrio artificial prejudicaria os maiores clubes, nivelando por baixo, mas haveria
menor impacto no maior entre os maiores, o Benfica.
Confunde-se competitividade com potencial de receitas. Diz-se
que o mercado interno está esgotado, pelo que o crescimento só será possível externamente.
Mas se não for o Benfica e o Porto, com presenças consecutivas na Liga dos
Campeões, a darem sinais de vida do futebol português, alguém, para além dos
PALOP e de apostadores destemidos, se lembrará sequer de ver os resultados da
nossa liga? E ainda as comparações erradas com outras ligas, que não fazem
sentido com as mais ricas, nem ajudam à causa da centralização com as mais
pobres.
Vejam-se as receitas da Taça da Liga, negociadas
colectivamente, compare-se com as da mesma prova noutros países e perceba-se
definitivamente que o problema não está na forma de negociação. Comece-se antes
por objectivos simples: boas condições para o público em todos os estádios, por
exemplo. Ou IVA dos espectáculos desportivos mais baixo, já não seria mau...
Jornal O Benfica - 15/11/2019
Sem comentários:
Enviar um comentário