Começo por louvar o acto de benfiquismo do juiz
desembargador do tribunal da relação do Porto, Eduardo Pires, ao pedir escusa
do processo que condenou o F.C. Porto e afins a pagarem cerca de dois milhões
de euros de indemnização ao Benfica. Fê-lo por considerar que o seu benfiquismo
– sócio há mais de 50 anos e (pequeno) accionista da SAD – poderia levantar
suspeitas quanto à sua imparcialidade no julgamento dos recursos interpostos
pelos condenados e pelo Benfica.
Considero, no entanto, canhestro que um juiz, cujo exercício
da sua profissão assenta no escrupuloso respeito pela lei, se sinta na
obrigação de recusar um processo devido à sua preferência clubística. E o mais
grave é que fez muito bem, pois os propagandistas de vão de escada, as caixas
de ressonância dessa propaganda e alguns idiotas úteis já se encarregaram de lhe
demonstrar que está coberto de razão.
Isto porque, conforme revelado pelo juiz, recebera e
recusara um convite do call center do Benfica para visitar o Benfica Campus. E,
ao tomarem conhecimento deste facto, os propagandistas de vão de escada logo
aproveitaram para insinuar uma relação entre a nomeação do juiz e a existência
desse convite.
Acontece que as visitas ao Benfica Campus começaram em
setembro e foram já convidados milhares de sócios do Benfica, respeitando o
critério da antiguidade. Só eu, que saiba, conheço seis nossos consócios, sendo
que um deles foi o meu pai, que visitaram as nossas extraordinárias instalações
no Seixal e não me consta que qualquer deles seja juiz.
Ideal mesmo, para que não se levantem suspeitas, é arranjar
algum promotor turístico, daqueles que recomendam Vigo, para julgar o caso.
Jornal O Benfica - 24/1/2020
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