Já escrevi sobre a falta de pudor, quanto à instrumentalização do Presidente da República, com objectivos comunicacionais, pelo que não me alongarei sobre esse assunto. Que fique registada, no entanto, mais uma inscrição na longa lista de atitudes e actos que consubstanciam a ideia de que, lá para aqueles lados, não se olham aos meios para se atingirem os fins.
Centremo-nos, por agora, no fastidioso “centralismo” e na
atoarda “promiscuidade com os governantes”.
Não obstante a obtenção do desejado palco para mais uma
tentativa de condicionamento dos decisores, o que é certo é que o rei do “quem
não chora, não mama” veio à “capital do império” ao beija-mão.
“Senhor Presidente, dê-nos uma ajudinha, somos uns
coitadinhos a quem ninguém nos dá nada. Esqueça lá isso do centro de estágio,
do estádio, do canal de televisão, dos investidores que só serão reembolsados
sabe-se lá quando, das nomeações de árbitros locais, que isso até é para poupar
nas deslocações... o nosso canal, que não é nosso, é da região, precisa de
ajuda!”
Não se sabe o que Marcelo terá dito, nem sequer a sua
postura corporal, dada a sua conhecida hipocondria e o seu interlocutor, mas
hão-de ter sido abordadas coisas, o quê não interessa, não nos esqueçamos que o
objectivo era o palco.
De qualquer das formas, o único canal de clube em Portugal –
perdão, é regional – a receber uma ajuda do Estado em tempos de pandemia acabou
mesmo por ser o (F.C.) Porto Canal. 23 mil euros podem não ser grande coisa,
mas o canal também não o é. Afinal, alguém sabe para que serve o dito para além
de uns jogos das modalidades e formação e a divulgação de correspondência
privada truncada e adulterada?
Jornal O Benfica - 22/05/2020
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