Que ingenuidade, a de Marcelo Rebelo de Sousa, ao deixar-se instrumentalizar por uma personagem maior do lado pantanoso do futebol...
Por mera “coincidência”, os capitães do F.C. Porto, pouco
antes da audiência de Marcelo a Pinto da Costa sobre o Porto Canal,
insurgiram-se publicamente contra o que consideram ser um atentado à sua
liberdade enquanto cidadãos. Lá falaram de coisas e, garantido o palco no final
da reunião, o presidente portista debitou outras, incluindo considerações sobre
a retoma das competições até que, finalmente, disse o que lhe interessava: não
havendo jogos, o Porto deve ser o campeão, confundindo ao evocar o precedente
da II Liga e do Campeonato de Portugal pois, como todos sabemos, mesmo havendo
subidas e descidas, não há campeões. O objectivo parece-me evidente: se
ganharem na secretaria, ficarão felizes (afinal, na secretaria ou em reuniões
na Rua da Madalena, tanto faz), mas o que é mesmo essencial é assegurar a
receita da presença na fase de grupos da Liga dos Campeões, não vá surgir pela
frente um qualquer Krasnodar.
E o famigerado “centralismo”... Na boca de Pinto da Costa,
regionalização soa sempre a regionalismo bacoco, assim como descentralização um
mero veículo para a obtenção de mais benefícios. A descentralização que sempre
lhe interessou já há muitos anos que está solidificada: Veja-se onde está a
Liga e quem a lidera, de onde veio o presidente da Federação e quem de facto
sempre tem mandado no Conselho de Arbitragem, para além das sempre úteis
parcerias com autarquias amigas, que os custos de fazer um estádio, montar um
canal de televisão ou usufruir de um centro de estágio são, fina ironia,
demasiado elevados para quem os paga...
Jornal O Benfica - 15/05/2020
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