terça-feira, 1 de setembro de 2020

Ismo... só o do benfiquismo!

Não é por sanha anti-fascista – é irrelevante, neste contexto, o meu posicionamento ideológico – que tantas vezes elogio a independência, face ao poder político, do Sport Lisboa e Benfica durante a ditadura. Motiva-me, sobretudo, combater o revisionismo e a propaganda maliciosa vindas de quem, por ignorância ou má fé, tenta conspurcar a nossa gloriosa história. Da mesma forma, não uso nem deturpo factos facilmente embelezáveis para alimentar a ideia de que o Benfica assumiu intencionalmente um papel relevante na luta pela liberdade.

A contínua realização de eleições livres e democráticas, a alergia às datas mais simpáticas ao antigo regime ou a inexistência de filtros sociais ou ideológicos na admissão de sócios e, mais significativo ainda, na eleição para os órgãos sociais, assim como na indigitação para cargos nos mais variados departamentos, nomeadamente o jornal, resultam de uma ideia há muito enraizada no clube de que “o Benfica, só o Benfica e nada mais do que o Benfica” importa quando do Benfica se trata (desde 1912 que os nossos estatutos interditam manifestações de carácter político ou religioso).

A consagração desta ideia repercutiu-se em diversos níveis, prevalecendo sempre a crença de que todos os benfiquistas, sem excepção, podem e devem contribuir para o engrandecimento, a honra e a glória do clube. A inclusão e a tolerância há muito que imperam no Benfica. E numa semana em que o nosso atleta Ricardo dos Santos foi vítima de racismo no Reino Unido, quero enviar-lhe um abraço solidário e manifestar o meu orgulho de pertencermos a um clube que já na primeira metade do século passado contribuía, pelo exemplo, para a mitigação deste flagelo na nossa sociedade.

Jornal O Benfica - 10/07/2020

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