Se tudo correr bem (ou se nada correr mal) a bola voltará a rolar nos relvados portugueses da primeira liga (nem todos são sempre de “primeira liga”) já na próxima quarta-feira (quinta-feira, dia de Benfica, é o que verdadeiramente interessa).
O uso excessivo de parêntesis acima (não me levem a mal) é
propositado. As dez jornadas do campeonato, mais a final da Taça, oxalá sejam
realizadas, serão, espero poder vir a dizê-lo daqui a uns anos, um breve hiato
na nossa vivência benfiquista. No meu caso em particular, tal é a frequência
com que vou ao estádio da Luz, sempre, sinto que o Benfica só joga
verdadeiramente em casa se eu lá estiver nas bancadas. Mesmo a ocasional
alteração de lugar, que é rara e nunca desejada, revela-se-me, de certa forma,
desarmoniosa.
Mas pior que futebol sem público é nenhum futebol. Teremos
jogos para ver, golos para festejar e, assim o esperamos, títulos para
celebrar. Exigir a eventual perpetuação da suspensão das competições – quando
será possível a reabertura dos estádios? – seria um atentado à sobrevivência do
futebol tal como o conhecemos.
Pelas avultadas quebras de receitas (direitos televisivos e
patrocinadores), mas também por um fenómeno de desabituação. Desconheço estudos
sobre este hipotético fenómeno, mas desconfio que, a cada dia que as novas
plataformas de distribuição de entretenimento conquistam adeptos, o potencial
de transferência destes existe em alguma medida. Afinal, os dias continuarão a
ter 24 horas e as carteiras não engordarão certamente. Dir-me-ão que tal nunca
aconteceria, mas acho avisado mitigar-se esse risco. E nós, os que vamos aos
estádios, até somos minoritários. É na TV, de longe, que se vê mais futebol.
Jornal O Benfica - 29/05/2020
Sem comentários:
Enviar um comentário