Proponho um desafio: será incompetência, amnésia selectiva, critério editorial, falta de assunto ou caça ao clique? Leia e decida (as hipóteses não são mutuamente exclusivas).
Vários órgãos de comunicação social, na sequência da
publicação do prospecto de lançamento do Empréstimo Obrigacionista 2020-23,
apressaram-se a “revelar” que a Benfica, SAD já tinha adiantado metade das
receitas de direitos televisivos. Propositadamente ou não, e aproveitando a
emissão do empréstimo obrigacionista, tentaram passar a ideia de que a Benfica,
SAD estará a atravessar supostas dificuldades financeiras, o que contrastaria
com a realidade apresentada nos últimos anos. A alguns, tal o afã e entusiasmo
notórios, só lhes faltou escarrapacharem no título “Afinal não é só o Porto e o
Sporting”.
É verdade que a Benfica, SAD já adiantara metade dessa
receita. Fê-lo em fevereiro de 2018 e em abril de 2019. Ambas as operações
foram objeto de comunicados à CMVM e amplamente noticiadas, além de, obviamente,
constarem em todos os relatórios e contas, anuais e semestrais, publicados pela
Benfica, SAD desde então. As contas são públicas e auditadas, nada disto é
novidade, já nem sequer é requentado.
E o novo empréstimo obrigacionista? Folgo, antes de mais,
que notícias de empréstimos obrigacionistas envolvendo a Benfica SAD versem
unicamente emissões e reembolsos, há quem, pelo contrário, tenha de adiar
pagamentos ou veja a emissão recusada. E a necessidade parece-me evidente: gestão
de tesouraria cautelosa. Além da perda significativa de receitas devido à
pandemia, alguém poderá garantir que, na próxima temporada, haja público nos
estádios ou que as competições europeias sejam realizadas normalmente?
Jornal O Benfica - 26/06/2020
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