Ainda no outro dia estava a pensar sobre o que poderia ser alterado no futebol português com vista à sua melhoria. Pensei em inúmeras medidas, mas reconheço as minhas óbvias limitações neste domínio, pois nem sequer me passou pela cabeça aquela que foi apresentada, com pompa e circunstância, pela Liga Portugal na cerimónia de lançamento da nova temporada: o novo logótipo.
Percebe-se que Proença, notoriamente emproado, vislumbre um
futuro radioso agora que a Liga apresenta uma nova imagem. Afinal, toda a sua
carreira foi feita de cosmética. Por ele, em campo, e por quem, não obstante as
sucessivas péssimas arbitragens, lustrou o seu currículo ano após ano.
Mas a dádiva de um novo logótipo, que nada acrescenta ou
altera, nunca seria completa se, a acompanhá-la, não fosse atribuído um prémio
denominado “prestígio” a uma personagem da estirpe de Valentim Loureiro. Talvez
faltem, aos membros da direcção da Liga, os essenciais electrodomésticos. No
entanto, desde já advirto que não existem máquinas de lavar despudor ou de
secar a vergonha alheia.
Ah, e fez-se um sorteio. O nosso calendário não é bom nem
mau, é o que é e contra tal não há grandes argumentos. Registo o acerto da
decisão de se tentar proteger, dentro do razoável, as equipas que participam
nas competições europeias... nem tudo é mau! Porém devo dizer que, mesmo tendo
de perder mais tempo a ler as condicionantes ao sorteio do que a analisar os
resultados do mesmo, não encontrei uma única que verse sobre a aparente regra
que obriga a que jogos do Porto sejam dirigidos maioritariamente por árbitros
da AF Porto. São as condicionantes não escritas as que mais me preocupam...
Jornal O Benfica - 4/9/2020