É impressionante ouvir os vários testemunhos acerca do impacto, a todos os níveis, do surto de Covid no seio do plantel (série “Rival Invisível”, disponível no Benfica Play e redes sociais do clube). Pela extensão em tão curto espaço de tempo, em que chegou a haver, salvo erro, 25 infectados em simultâneo (jogadores, técnicos e estrutura de apoio), o Benfica teve de lidar com uma situação que assumiu contornos quase únicos a nível mundial.
Este é um documento precioso que nos ajuda a perceber, em
profundidade, o que se passou com a equipa naquele período da temporada.
Não entendo a série como uma mera peça ilibatória do rendimento
em campo, mas antes considero-a essencial para a compreensão das circunstâncias
extremamente adversas com que o plantel se deparou em determinado momento e
que, por força da insatisfação com os resultados, foram injustamente
menosprezadas.
Mais do que as questões de natureza desportiva, saúde ou
aptidão física para a competição futebolística, relevo a dimensão humana. Por
boa vontade que tenha, só remotamente poderei compreender pelo que passaram os
elementos do plantel naquela altura.
A angústia por eventuais consequências nefastas para a
carreira (caso grave de Daniel dos Anjos, da B), o receio de prejudicar os
familiares e, num plano secundário, mas sempre latente e prioritário para os
adeptos, a impossibilidade de reversão de um percurso desportivo aquém das
legítimas expectativas, certamente foram dificílimos de lidar e ultrapassar e
só com a passagem do tempo e o restabelecimento da saúde esvaneceram.
Haverá muito a corrigir para regressarmos ao título já na
próxima temporada. Mas é um erro menosprezar o impacto do surto de covid na
nossa equipa em 2020/21.
Jornal O Benfica - 11/6/2021
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