O Benfica tem uma dimensão que o obriga a, pelo menos, vencer tanto como os outros no seu conjunto. Esta asserção não deve ser, no entanto, levada à letra em cada época específica, pois só faz sentido se aplicada a um período alargado, no mínimo de quatro ou cinco anos, e se verificadas as condições propícias, dos pontos de vista financeiro, institucional e estrutural, que tem sido o caso há pouco mais de uma década, para assegurar competitividade face à concorrência.
Ao se tirar ilações gerais e definitivas assentes nas
ocorrências de uma só época, poderá estar-se a incorrer num erro, por óbvias
que são as limitações dessa abordagem. Cada época é circunscrita a um contexto concreto,
o qual é influenciado por diversas variáveis, incluindo não recorrentes (o
surto de Covid no plantel e estrutura que o apoia é um exemplo). Mas poderá
dar-nos pistas, as quais não devem ser ignoradas.
Para o futebol (masculino), 2020/21 é, simultaneamente, uma
época para esquecer (em sentido figurado) e, na prática, para lembrar. O
investimento foi fortíssimo, com a contratação de diversos internacionais,
regressou um treinador campeão nacional três vezes e finalista de duas finais
europeias pelo clube, e as condições, sob todos os aspectos, oferecidas pelo
clube para que o trabalho seja desenvolvido estão na vanguarda do que melhor se
faz a nível mundial.
Discernir o peso das variáveis incontroláveis no rendimento
da equipa, para que se possa identificar onde realmente se errou e, assim, poder
evitar a repetição de erros, é fundamental. Confio plenamente que essa
identificação está feita e que serão encontradas as soluções adequadas. Não necessitamos
de qualquer revolução, antes de ajustes cirúrgicos.
Jornal O Benfica - 4/6/2021
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