terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Atenção

Já há uns anos que a deriva revisionista leonina em torno do palmarés do Sporting está em marcha. O inesperado regresso leonino ao título fez recrudescer o tema, em função da habitual parafernália comunicacional e comercial nestas ocasiões.

Mas o Sporting não se limitou a reclamar quatro campeonatos que não conquistou através da sua comunicação com os adeptos. Fez também uma exposição à Federação Portuguesa de Futebol, acompanhado por um parecer encomendado e favorável às suas pretensões.

Nisto a FPF, ao invés de rejeitar liminarmente a solicitação, terminando o assunto, optou por “estudar” o caso. Está por se saber o que concluiu, sendo que a possibilidade aventada de consulta às Associações é, por si só, um absurdo lamentável que deixa qualquer adepto interessado no assunto, desde que respeitador dos factos, desesperado com tamanha tentativa de atropelo da história.

Entretanto, no canal 11 da FPF, dedicado em grossa parte à promoção de Cristiano Ronaldo e à dissecação diária dos problemas, reais, especulados ou imaginados, do Benfica, passou publicidade enganosa ou, talvez melhor dizendo, uma narrativa ficcional publicitária a um produto de merchandising do Sporting em que, erroneamente, se referem 23 títulos nacionais leoninos, ao invés dos oficiais e verdadeiros 19, aliás conforme ainda consta no palmarés da prova divulgado pela FPF. E é um relógio: se nem os títulos certos dá, o que esperar das horas e minutos? Presume-se que estará sempre muito adiantado.

Ora, tudo isto seria apenas caricato se a FPF, como deveria, respeitando o decidido pela própria em 1938, não se tivesse colocado numa posição confrangedora ao aceitar sequer discutir o assunto. Não o fez e é, por isso, espantoso e vergonhoso que a FPF, em 2022, possa pôr em causa o que a FPF e Associações decidiram em 1938 sobre uma situação ocorrida nesse ano, como se aqueles então em funções desconhecessem o carácter de cada competição e precisem agora de ser ensinados sobre o que foi o Campeonato de Portugal, as quatro primeiras edições do Campeonato Nacional e o que veio a ser a Taça de Portugal.

Seria demasiada presunção e lata para que uma iniciativa tão inenarrável como esta pudesse vingar. É inaceitável que se tenha permitido uma tentativa de deturpação da história do futebol português tão leviana e desonesta. Que haja bom senso por parte da FPF para que este dislate revisionista não passe da tentativa mesquinha que é.

Jornal O Benfica - 7/1/2022

2 comentários:

  1. Meu caro, neste momento estou a ouvi-lo no” Semana do Melhor” e, ouvi-o falar em campeões de inverno. Mas isso ainda não conta para campeões nacionais e sabe porquê? Por que o Benfica já tem sete e os lagartos ficariam a perder…. Se não nos pomos de sobreaviso, lá chegaremos. Isto é para mandar fora, mas se quiser, jocosamente, falar nisso esteja à vontade.
    Várias vezes já estive para lhe lembrar certas coisas de acuidade, para isso lhe peço permissão
    Obrigado
    Constantino Braz figueiredo

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