Ultimamente tenho trabalhado na concepção de um modelo
colaborativo que permitirá a empresas do mesmo sector, logo algumas delas concorrentes,
a mitigação de riscos e a consequente potencial diminuição de custos. Sempre
que estou envolvido num projecto deste género, penso frustrado no nosso futebol,
em que subsiste uma quase total ausência de visão global do negócio, apesar de
algumas iniciativas pontuais, embora geralmente enviesadas e assimétricas
quanto aos objectivos a que se propõe as partes.
Foi o caso, por exemplo, da submissão do Brunismo, que
assolou o Sporting nos últimos anos, à vilipendiação costumeira, por parte da
liderança portista, da ética desportiva e da sã rivalidade. Se do “Papa” e seus
acólitos já tudo se espera – a este propósito recordo-me sempre daquela ideia
de José Cardoso Pires sobre algumas pessoas só serem tão religiosas para que
possam pecar– do Sporting nunca se sabe o que esperar.
O Sporting é, por oposição ao seu autoproclamado rival, um
projecto de clube falhado por se deixar enredar na sua ambição irrealista
(superiorizar-se ao Benfica). É, por conseguinte, propício a que o Brunismo e
outros ismos prevaleçam frequentemente sobre o que seria consentâneo com a sua
grandeza e o seu historial indiscutivelmente assinaláveis. E, assim, o
Brunismo, enquanto projecto individual de poder e instrumento de validação de
um complexo messiânico, dispôs-se a tudo, incluindo a submissão ao FC Porto,
para tentar relegar o Benfica para uma posição inferior à sportinguista. Não é
notável, mas há que reconhecer que, neste domínio, houve a partilha de um
objectivo comum e uma estratégia concertada de concorrentes(?) no futebol
português.
Jornal O Benfica - 27/7/2018
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