sábado, 21 de julho de 2018

E-Calabote


No âmbito das minhas pesquisas, encontro recorrentemente artigos que têm o condão de validar a minha percepção de um passado, se bem que vivido intensamente, cada vez mais distante. É o caso óbvio das dezenas, senão mesmo centenas, de crónicas demonstrativas de arbitragens amigas do FC Porto ao longo, sobretudo, das décadas de oitenta e noventa.

Lembro-me de uma em particular com o título sugestivo “Quem vai tramando o Benfica?” e que termina com a análise à actuação de José Silvano num Tirsense – Porto, em 1990. A descrição é, se lida hoje, surreal, mas não surpreende quem, como eu, sofreu impotentemente as agruras da incapacidade para, perante uma conjuntura ilegitimamente desfavorável aos nossos intentos, persistir no entusiasmo e no fervor clubistas. Partilhei-a nas redes sociais e logo me foi apontado o Calabote.

Em 2018, esta farsa, apesar de gasta, subsiste. Ao Silvano, Donato Ramos, Fortunato Azevedo, Francisco Silva, Calheiros, Isidoro Rodrigues, Martins dos Santos e outros que tais, o argumento é sempre “Calabote”, como quem diz, “nós roubamos, mas vocês também roubaram”. Mas por estar gasta, houve quem se apercebesse que se teria que ir além do Calabote…

O “caso Calabote” desmonta-se facilmente e, no presente, é mais interessante constatar o poder da comunicação, especialmente se mal-intencionada. E aí não há como não referir que os vários protagonistas da farsa “Calabote” e do combate ao penta, com as tentativas pífias da rotulação de cada título benfiquista, actuaram e actuam todos sob o mesmo líder. O mesmo que se sente à vontade para brincar com o roubo de emails do SLB, sabe-se lá se por não se sentir ameaçado por quem vai praticando esse crime…

Jornal O Benfica - 20/7/2018

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