No âmbito das minhas pesquisas, encontro recorrentemente
artigos que têm o condão de validar a minha percepção de um passado, se bem que
vivido intensamente, cada vez mais distante. É o caso óbvio das dezenas, senão
mesmo centenas, de crónicas demonstrativas de arbitragens amigas do FC Porto ao
longo, sobretudo, das décadas de oitenta e noventa.
Lembro-me de uma em particular com o título sugestivo “Quem
vai tramando o Benfica?” e que termina com a análise à actuação de José Silvano
num Tirsense – Porto, em 1990. A descrição é, se lida hoje, surreal, mas não
surpreende quem, como eu, sofreu impotentemente as agruras da incapacidade
para, perante uma conjuntura ilegitimamente desfavorável aos nossos intentos,
persistir no entusiasmo e no fervor clubistas. Partilhei-a nas redes sociais e
logo me foi apontado o Calabote.
Em 2018, esta farsa, apesar de gasta, subsiste. Ao Silvano,
Donato Ramos, Fortunato Azevedo, Francisco Silva, Calheiros, Isidoro Rodrigues,
Martins dos Santos e outros que tais, o argumento é sempre “Calabote”, como
quem diz, “nós roubamos, mas vocês também roubaram”. Mas por estar gasta, houve
quem se apercebesse que se teria que ir além do Calabote…
O “caso Calabote” desmonta-se facilmente e, no presente, é
mais interessante constatar o poder da comunicação, especialmente se
mal-intencionada. E aí não há como não referir que os vários protagonistas da
farsa “Calabote” e do combate ao penta, com as tentativas pífias da rotulação
de cada título benfiquista, actuaram e actuam todos sob o mesmo líder. O mesmo
que se sente à vontade para brincar com o roubo de emails do SLB, sabe-se lá se
por não se sentir ameaçado por quem vai praticando esse crime…
Jornal O Benfica - 20/7/2018
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