Vencermos a UEFA Youth League foi uma das minhas maiores alegrias nesta extraordinária epopeia que é ser benfiquista. Não por um sentimento desproporcionado face à relevância da competição, mas por finalmente se ter feito justiça ao nosso Benfica, um dos melhores clubes do mundo na formação de futebolistas ao longo da última década.
Sendo eu, desde que me conheço, um dedicado seguidor das
camadas jovens do nosso futebol, pesava-me a enorme frustração de constatar,
ano após ano, e com três presenças em finais e sucessivas gerações repletas de
jogadores promissores, que o magnífico trabalho feito pelo Benfica neste
domínio não encontrava eco, como mais do que merecia, no palmarés desta prova.
Ademais, e como não sou hipócrita, não me custa reconhecer
que me chateava o facto de o FC Porto ter conseguido ganhar este título num ano
ocasional de vasto talento emergente. E este constrangimento ficou resolvido.
Agora há que retomar o caminho tão frutífero em anos ainda recentes,
evitando-se eventuais exageros perniciosos, que também ocorreram.
Não que eu ache, como muitos advogam, que a aposta na
formação tenha hibernado nos últimos dois anos: afinal, quem formou Gonçalo
Ramos, Paulo Bernardo ou Morato? Mas temos condições (talento) para ir mais
longe!
O que defendo parece-me muito razoável tendo em conta a
enorme competência patenteada no Benfica Campus desde há vários anos.
Deve-se recusar a aposta na formação por decreto, centrando
a questão unicamente no potencial de rendimento dos atletas, enquanto se
implementa obstinadamente, mas sem pressas, uma política de escolhas em que a
prioridade é dada aos jogadores formados pelo clube.
Por outras palavras, entre jogadores similares no binómio
rendimento/potencial, desde que a variável rendimento se situe no patamar
mínimo exigível, a escolha deve sempre recair naquele formado no Benfica. Não
faz sentido o investimento numa incógnita quando, em casa, temos uma incógnita
parecida, mas que conhece e sente o clube, além de ser mais barata.
Por racionalidade da gestão económica e financeira, por
política desportiva e, sobretudo, por benfiquismo, este tem de ser o caminho,
assim se acautele sempre o respeito pelo mais vincado traço identitário do
clube, que passa pela maximização constante das possibilidades de conquista de
títulos e troféus.
Parabéns, miúdos! Parabéns, Benfica!
Jornal O Benfica - 29/4/2022
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