segunda-feira, 3 de maio de 2021

Superliga

Há uns anos escrevi uma crónica para o Vida Económica em que abordei a inevitabilidade da criação de uma Superliga Europeia de futebol. Então, como hoje (dia 20), julguei que a criação da Associação Europeia de Clubes (ECA) era motivada, principalmente, pela necessidade do exercício de pressão sobre a UEFA (e a FIFA) em questões fundamentais, desde logo a necessidade de maior redistribuição das receitas televisivas e de patrocínios das competições europeias ou de estancar o abuso das datas reservadas para as selecções ao longo da temporada, entre outros.

Por isso não me surpreenderam as sucessivas reformulações da Liga dos Campeões, tanto no incremento dos prémios distribuídos como até no formato competitivo, verificando-se um afunilamento cada vez mais acentuado nos participantes. Este fenómeno nem sequer é recente, pois esteve na base da transição do antigo modelo da Taças dos Clubes Campeões Europeus para a versão inicial da Liga dos Campeões.

Terminei o tal artigo elogiando a UEFA por ceder às reivindicações dos clubes, ao invés de entrar em conflito aberto, mas interrogando até quando seria possível evitar uma cisão. Aparentemente, esse momento pode ter chegado.

Sou daqueles que reconhecem mérito à demanda da ECA. E não me incomoda, inclusivamente agrada-me, que a UEFA seja cada vez mais reguladora e organizadora e menos parte interessada nos proveitos financeiros do negócio. Se a ECA substituísse a UEFA, daí não viria mal ao mundo. Porém, esta revolta de alguns clubes enferma de um defeito grave: haver privilegiados.

Não se trata apenas do garante de mais receitas ou da libertação de espartilhos da UEFA, mas também, lamentavelmente, da tentativa de perpetuação do status de uns poucos.

Jornal O Benfica - 23/4/2021

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