Diz-se do vinho que melhora com a idade, mas um carrascão, por muitos anos que mature, nunca passará de um carrascão. Um carrascão velho, ultrapassado e intragável. Numa palavra, lixo.
Os recorrentes espectáculos degradantes protagonizados pela
estrutura do FC Porto – o que se passou após o final da partida em Moreira de
Cónegos, como em tantas outras, já não surpreende – vão subsistindo com a
conivência, por omissão de consequências sérias, dos órgãos disciplinares do
futebol.
Só num país complacente com a mediocridade, paternalista até
ao tutano, indulgente fervoroso, atrozmente cobarde e pululado por demasiados calculistas
subservientes ao poder informal, resultando numa impunidade generalizada, é
possível que gente desta persista em comportamentos que deveriam fazer corar de
vergonha quem os perpetra e, sobretudo, quem se deixa representar por estas
tristes e indecorosas figuras. Diz-se que as pessoas passam e a instituição
fica, mas já são 40 anos disto, tornando-se tarefa onírica tentar distinguir
entre clube e adeptos. E não faltam homenagens, loas e servilismo ao líder, de
babados e interesseiros, que nos permitam sequer tentar essa distinção.
Mas o que se passa no campo (parte, pelo menos) tem o condão
de poder ser visto por todos. Não que haja grandes consequências ou se tirem as
devidas ilações, mas é já alguma coisa. Fora dele, no entanto, são raras as
ocasiões em que nos é permitido perceber a verdadeira extensão de uma forma de
estar e ser que há muito deveria ter sido banida do futebol. As ameaças e
agressões a um jornalista foram, desta vez, filmadas. Desta vez, saliente-se. Quantas
mais, filmadas ou não, voltarão a acontecer sem repercussões significativas?
Jornal O Benfica - 30/4/2021
Filmadas, mas sem autorização, logo... ilegais e como tal... não servem de prova, donde... mais um processo arquivado. E assim vão 40 anos disto.
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