Assim de repente, no Benfica, só me recordo das Marias, no
voleibol, do badminton e das corridas em patins a poderem afirmar que se
sagraram campeões nacionais nove vezes consecutivas. E agora a nossa equipa
masculina de atletismo, numa modalidade e num sector em que o investimento é
muito mais significativo e a competitividade é bastante elevada.
A maior parte das declarações dos protagonistas do desporto
são confinadas à espuma dos dias. Assim o dita a voracidade da competição, cuja
renovação, época a época, é galopante e praticamente integral. É, por isso,
ainda da mais elementar justiça, recordar o que a Prof. Ana Oliveira, então já
a coordenadora do projecto olímpico e da nossa secção de atletismo, disse há
oito anos no rescaldo da primeira destas nove conquistas. Qualquer coisa como
“esta temporada não sabíamos se já seria possível sermos campeões, mas o
projecto do Benfica está a ser implementado para ganharmos mais títulos no
futuro”. Passados todos estes anos podemos constatar, com imensa admiração e
orgulho, que não se trataram de meras palavras de circunstância.
Muito se poderia destacar neste título, mas é para João
Vítor Oliveira, o vencedor da prova de 110 metros barreiras, que dedico o
último parágrafo.
O voo para alcançar a meta e vencer a final da sua prova foi
impressionante. Desconheço uma imagem que melhor ilustre o que é ter raça,
querer e ambição, as características de personalidade indispensáveis a qualquer
atleta que tenha a honra e o privilégio de representar o Sport Lisboa e
Benfica. Tratou-se de um mergulho de mística, de um voo só alcance de um atleta
por um momento metamorfoseado águia. Um atleta à Benfica!
Jornal O Benfica - 2/8/2019
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